Aprendendo mais sobre a halitose
Publicado em : 07/12/2017
Autor : Dra Rhayany Lindenblatt
A Halitose, distúrbio que acomete a boca conhecido como mau hálito, trata-se de uma queixa muito comum entre os pacientes na clínica diária. Cerca de 30% da população apresenta esse tipo de problema. Desde 1864 o mau hálito começou a ser estudado sob o ponto de vista médico. Embora, nos últimos dez anos esteja recebendo maior atenção, ainda há poucos profissionais que se dediquem ao diagnóstico e tratamento da Halitose.
O mau hálito apresenta etiologia multifatorial, sendo atribuída a essa condição mais de 60 possíveis causas. Diferentemente do que se pensa, a halitose não está somente relacionada à higiene oral deficiente. Suas causas podem ser reunidas em quatro (4) diferentes grupos: causas odontológicas, otorrinolaringológicas, gástricas e o grupo das halitoses associadas a alterações sistêmicas.
Cabe ressaltar que existem situações em que a Halitose possui caráter fisiológico, não representando uma patologia propriamente dita: nos casos de jejum prolongado (ao acordar, intervalos grandes entre as refeições, regimes), ingestão de alimentos de odor carregado ou medicamentos, tabagismo e etilismo e uma higiene oral deficiente. Nesses casos, apenas orientações quanto à higiene e mudança de hábitos podem ser suficientes para a resolução do problema. Entretanto, caso façamos a remoção da causa, o mau hálito deve desaparecer; caso persista, caracteriza-se um quadro crônico que merece atenção e tratamento.
Sabe-se que 90% dos casos de mau hálito estão na boca, cabendo então ao cirurgião-dentista qualificado nessa área, o diagnóstico e tratamento. Os casos associados a causas gástricas, por exemplo, representam apenas 1%.
Dentre os sinais clínicos que o cirurgião-dentista deve estar atento destaca-se a presença de saburra lingual (língua saburrosa), a qualidade e a qualidade da saliva no paciente. A saburra lingual está presente em 99% dos casos de halitose por causas bucais e, muitas vezes, está associada pela baixa qualidade de saliva, provavelmente mais espessa do que em situações de normalidade. Assim, mais restos alimentares, células descamadas e bactérias ficarão alojados na superfície da língua, gerando odores indesejáveis.
Nesse sentido, o paciente precisa ser orientado quanto à higiene adequada também da língua, através da utilização de limpadores linguais que alcançam o terço mais posterior da língua. O indivíduo que apresenta a língua saburrosa, mas a saliva tem boa qualidade, apenas com a melhora da higiene bucal e lingual consegue resolver o problema. Além disso, atualmente, além da ação mecânica do limpador, há produtos específicos, que ajudam na limpeza da língua, como enxaguantes bucais.
A qualidade salivar deve ser avaliada, com a realização de um exame clínico minucioso, em que se realiza a ordenha das glândulas, observando a drenagem salivar e sua qualidade, se mais fluida e transparente ou mais espessa e esbranquiçada. A sialometria deve também ser realizada, para que seja comprovada a qualidade e quantidade salivar.
Dentre outras causas odontológicas pode-se destacar a presença de doença periodontal, cárie, estomatites, presença de neoplasias etc. Como causas otorrinolaringológicas temos as amigdalites, faringites, rinites, sinusites e presença de cáseos. Alguns odores característicos podem demonstrar a presença de doenças sistêmicas, como ocorre com os indivíduos diabéticos, com insuficiência renal e hepática, por exemplo.
O que garante o sucesso do tratamento é a escolha de um cirurgião-dentista preparado para o atendimento nessa área, porém, por possuir etiologia multifatorial, muitas vezes, pode se tornar necessária uma abordagem multidisciplinar a fim de se obter sucesso no tratamento.
Dra. Rhayany Lindenblatt
- Membro da ABHA
- Estomatologista
- Doutora e Mestre em Patologia bucal
- Habilitada em Laserterapia
- Professora de Patologia Bucal e Diagnóstico bucal da Faculdade São José (RJ)